Novo acordo ortográfico - as alteracoes
Alfabeto ganha três letras (já era sem tempo!)
As letras 'k', 'w' e 'y' são oficialmente acolhidas no alfabeto português. É mais uma oficialização do que uma mudança, já que a prática há muito consagrou o seu uso, designamente em vocábulos derivados de nomes próprios estrangeiros. Os dicionários registam, por exemplo, as palavras 'kafkiano', 'wagneriano', ou 'yoga', esta última como alternativa legítima a 'ioga'.
Maiúsculas (finalmente simplificam as coisas)
Os meses do ano passam a grafar-se sem maiúscula inicial, tal como acontece com os pontos cardeais, salvo quando correspondam a uma região. A opção pela maiúscula torna-se ainda facultativa em vários casos, incluindo títulos de obras - a primeira palavra deve ter sempre maíuscula inicial, mas as restantes podem não a ter -, tratamentos de cortesia, como Senhor Doutor, ou nomes de disciplinas do saber (Português, Matemática). A generalidade dos topónimos mantêm a maiúscula, mas esta torna-se facultiva em nomes de ruas, praças, etc. Vai ser possível, portanto, escrever-se avenida dos aliados ou rua augusta.
Consoantes mudas (pois aqui já vai ser estranha a adaptacao!)
Quando um dos termos de uma sequência consonântica é proferido na pronúncia culta da língua, como em 'pacto' ou ficção', fica tudo como está. Se é invariavelmente mudo, como acontece nas palavras 'acto', 'colecção' ou 'director', o 'c' cai sempre. Pela mesma lógica, cai o 'p' em 'Egipto' ou 'peremptório', sendo que neste último caso o 'm' dá lugar a um 'n': perentório.
Acentos (vem ajudar mt gente, mas mesmo assim acho que muitos ainda se vao trocar à mesma!)
A conjugação na terceira pessoa do plural do presente do indicativo de verbos como ter, vir e ver - têm, vêm e vêem - perde o acento circunflexo. Passa a escrever-se, por exemplo, 'reveem'. Já em 'dêmos' (presente do conjuntivo), continua a aceitar-se o acento, a título facultativo, para evitar a homografia com 'demos' (pretérito perfeito do indicativo). A excepção é a forma verbal 'pôde', que preserva o acento.
Também são banidos os acentos agudos e circunflexos que ainda se mantinham em algumas palavras graves, como em 'pára' ou 'pêlo', que passam a não se distinguir graficamente de para e pelo.
Hífen (complicou!)
Os redactores do novo Acordo Ortográfico investiram um especial esforço na regularização do uso do hífen, sobretudo nas palavras formadas por prefixação. Algumas regras:
Quando o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte começa com 'r' ou 's', cai o hífen e dobra-se a consoante: 'contrarrelógio'.
Quando o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte começa por uma vogal diferente, não se usa o hífen: 'antiaéreo'. Quando o prefixo termina com a vogal que inicia o elemento seguinte, usa-se o hífen: 'contra-almirante'. A excepção a esta regra é o prefixo 'co-', que se aglutina com o elemento seguinte mesmo que este se inicie com um 'o': 'coocupante'. Um dos exemplos que o texto do Acordo avança é 'coordenar', que se torna graficamente indistinguível de 'coordenar' no sentido de dirigir ou supervisionar.
Os hífenes caem também em algumas locuções nas quais ainda iam sendo usados, como 'fim-de-semana'. Mas abrem-se excepções para outras, nas quais esse uso foi considerado mais generalizado, como 'pé-de-meia' ou 'cor-de-rosa'.
Uma alteração que será provavelmente mais difícil de interiorizar é a supressão do hífen em todos casos em que uma forma monossilábica do verbo haver se une à preposição 'de'. Passará a escrever-se, por exemplo, 'hei de' e 'hão de'.
E entao preparados para o novo portugues??
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